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Contos-->O LIVRO -- 26/02/2000 - 22:44 (Paccelli José Maracci Zahler) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O LIVRO

Paccelli M. Zahler

Francisco não quis seguir a carreira do pai que havia sido um médico renomado no Rio de Janeiro lá pelos idos de 1950. Embora o pai insistisse, decidiu que seria advogado. Terminados os estudos, foi aprovado em um concurso público para o Ministério da Agricultura. Com o emprego estável e um salário bom para os padrões da época, casou-se.
Em 1960, Brasília foi inaugurada e o Ministério da Agricultura foi transferido para cá. Francisco também veio. Conseguiu um apartamento funcional e se estabeleceu na cidade. Teve dois filhos e, passados 20 anos longe do Rio de Janeiro, recebeu a notícia que seu pai, já aposentado, havia falecido.
Dez anos mais tarde, estava dando uma olhada na seção de livros de Direito da Livraria Antiqüário, um sebo tradicional de Brasília, freqüentado por bibliófilos e algumas personalidades da República como o Dr. Ulysses Guimarães e o Presidente José Sarney. Com saudades de seu pai, resolveu dar uma passada de olhos na seção de livros de Medicina, quando deparou-se com um livro de capa branca.
Curioso, resolveu folheá-lo e verificou tratar-se de um livro de Anatomia Humana. Imediatamente, lembrou-se de seu velho pai e da biblioteca de livros de Medicina onde cresceu e aprontou muito quando criança. Seus olhos encheram-se de lágrimas, sentiu saudades e até um certo peso na consciência por não ter seguido a carreira que o pai havia escolhido para ele.
Surpreendeu-se ao ler na primeira página os seguintes dizeres: "Biblioteca Particular do Dr. Francisco de Oliveira, RJ, 10/05/49."
O livro havia pertencido ao seu pai. Mais surpreendente ainda foi encontrar, entre as páginas centrais, uma receita médica em nome de Georgina de Oliveira, sua tia.
Intrigado, foi perguntar ao livreiro a origem daquele livro.
- Bem, eu comprei um lote de livros de um médico que mudou-se para Goiânia. Mas, qual o motivo da pergunta?, disse o livreiro.
- É que este livro pertenceu ao meu pai, disse Francisco.
- O senhor está brincando!, retrucou o livreiro um pouco desconfiado.
- Não estou, não! Veja a minha carteira de identidade! Eu sou Francisco de Oliveira Filho! Confronte a assinatura no livro com o nome do meu pai!
- Nossa, quanta coincidência!, disse surpreso o livreiro.
- Pois é, meu pai tinha uma biblioteca com muitos exemplares de livros de Medicina. Eu vim para Brasília, meu pai se aposentou, mais tarde faleceu e eu não sei o que foi feito de todos os seus livros. A propósito, quanto custa este exemplar?, perguntou.
- Nada! Já que pertenceu ao seu pai e tem um significado muito grande para o senhor, vou dar-lhe de presente, disse o livreiro.
Feliz com a recordação, Francisco contou a surpresa que tivera aos seus familiares e começou a investigar o destino dos livros que haviam pertencido ao seu pai.
Soube que, ao aposentar-se, seu pai havia doado a maior parte de seus livros para um estudante de Medicina. O restante, doara para a biblioteca da Faculdade onde estudara. Provavelmente, o estudante, depois de formado, teria vindo trabalhar em Brasília.
O tempo passou, os livros ficaram desatualizados e, com a mudança do novo dono para Goiânia, possivelmente, tenha tentado diminuir o volume de sua mudança, vendendo o lote de livros para o sebo.
Uma pergunta ficou no ar: Como pode o livro voltar para as mãos de Francisco 30 anos depois?
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